As empresas e bancos brasileiros têm US$ 73,2 bilhões de dívidas que vencem até 2021, 36% do total da América Latina, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), que alerta para o crescente montante de passivos que precisam ser refinanciados na região.
A maior parte desta dívida, o equivalente a 89%, foi emitida em dólar, ressalta a S&P. Além disso, dos US$ 61,4 bilhões de passivos a vencer detidos pelo setor não financeiro, a maioria (75%) é de companhias avaliadas na categoria especulativa. Estas empresas costumam pagar taxas mais caras para se refinanciarem do que as classificadas como grau de investimento.
A S&P ressalta que o dólar tem registrado volatilidade no Brasil e que, mesmo com a saída da presidente Dilma Rousseff, a incerteza política e econômica ainda paira sobre o cenário da economia brasileira. O relatório destaca que o real se apreciou 22% em relação ao dólar em 2016, enquanto em 2015 havia registrado desvalorização de 33%, o que é um desafio adicional para o gerenciamento dos passivos das empresas e bancos em moeda estrangeira.
A economia brasileira mostra os primeiros sinais de que está saindo da profunda recessão que marcou os últimos dois anos, destaca o relatório. A previsão da S&P é que o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresça 0,9% este ano. Os escândalos políticos, porém, são um “vento contrário” para este cenário de recuperação. Um dos riscos é de que novas revelações em delações premiadas possam reduzir a governabilidade do presidente Michel Temer.
A necessidade de refinanciamento de dívida na América Latina é particularmente alta no setor de petróleo e gás, segundo o relatório. Nesse segmento, o Brasil é o país da região com maior porcentual de passivos a vencer, respondendo por 41% do total. As empresas de petróleo, como a Petrobras e a mexicana Pemex, estão entre as maiores emissoras de dívida da região. A S&P estima que em 2016 mais de 70% dos bônus lançados pelo setor não financeiro, cerca de US$ 20 bilhões, foi de empresas de óleo e gás.
No caso brasileiro, considerando o setor não financeiro, o total de dívidas a vencer é crescente nos próximos anos. Em 2017, são US$ 5 bilhões; em 2019, são US$ 10,8 bilhões; e no ano de 2021, são mais US$ 16,4 bilhões. Já o setor financeiro não possui passivos vencendo em 2021, mas tem US$ 3,9 bilhões em 2019 e US$ 3,5 bilhões em 2018.
A América Latina tem um total de US$ 202 bilhões de dívidas de empresas e bancos vencendo até 2021. Brasil e México respondem por 72% deste total. O setor financeiro tem US$ 56 bilhões de passivos vencendo até 2021, mas a maior parte (US$ 146 bilhões) é de empresas não financeiras.